sábado, 18 de junho de 2011

O Chimarrão

Mate amargo (sem açúcar) que se toma numa cuia de porongo por uma bomba de metal. Atribuem-se ao chimarrão propriedades desintoxicantes, particularmente eficazes numa alimentação rica em carnes.
A tradição do chimarrão é antiga. Soldados espanhóis aportaram em Cuba, foram ao México "capturar" os conhecimentos das civilizações Maia e Azteca, e em 1536 chegaram à foz do Rio Paraguay. No local, impressionados com a fertilidade da terra às margens do rio, fundaram a primeira cidade da América Latina, Assunción del Paraguay.
Os desbravadores, nômades por natureza, com saudades de casa e longe de suas mulheres, estavam acostumados a grandes "borracheras" - porres memoráveis que muitas vezes duravam a noite toda. No dia seguinte, acordavam com uma ressaca proporcional. Os soldados observaram que tomando o estranho chá de ervas utilizado pelos índios Guarany, o dia seguinte ficava bem melhor e a ressaca sumia por completo. Assim, o chimarrão começou a ser transportado pelo Rio Grande na garupa dos soldados espanhóis.
As margens do Rio Paraguay guardavam uma floresta de taquaras, que eram cortadas pelos soldados na forma de copo. A bomba de chimarrão que se conhece hoje também era feita com um pequeno cano dessas taquaras, com alguns furos na parte inferior e aberta em cima.
Na Argentina e no Uruguai a erva é triturada, ao contrário do Brasil, onde é socada. Nos países do Prata, a erva é mais forte, amarga, recomendada para quem sofre de problemas no fígado.

O mate pode ser tomado de três maneiras, em relação à companhia: o mate solito (isoladamente); o mate de parceria (uma companheira ou companheiro) e, finalmente, em roda de mate (em grupo).O MATE SOLITO: O homem que não precisa de estímulo maior para matear, que sua vontade; no geral, é o verdadeiro mateador. O MATE DE PARCERIA: A pessoa espera por um ou dois companheiros a fim de motivar o mate, pois não gosta de matear sozinha. RODA DE MATE: É na roda de mate que esta tradição assume seu apogeu, agrupando pessoas sem distinção de raça, credo, cor ou posse material (o homem vale pelos seus atos). Irmanados dentro deste clima de respeito, o mate vai integrando os homens numa trança de usos e costumes, que floresce na intimidade gaúcha. A MÃO DIREITA: Para se receber o mate ou entregar a cuia de mate, deverá ser feito com a mão direita. No caso da mão direita estar ocupada, a pessoa deverá dizer:- Desculpe a mão! Ao que o outro responde: - É a mesma, a do coração. Fora dessa exceção, sempre com a mão direita. ENCHENDO O MATE: No ato de encher o mate, pega-se a cuia com a mão esquerda e o recipiente com a direita. Após, acomoda-se o recipiente e se troca a cuia de mão para matear ou oferecer o mate, seguindo-se, sempre, pelo lado direito, o lado de laçar. O sentido da volta na roda de mate deverá partir pela direita do cevador ou enchedor de mate. A ÁGUA PARA PREPARAR O MATE: A temperatura da água para preparar o mate nunca deve estar muito quente, pois pode queimar a erva, dando um gosto desagradável ao mate e lavando rapidamente. O PIALADOR DE MATE: É o indivíduo que, chegando numa roda de mate, se posiciona de tal modo que a cuia fique a sua esquerda, à frente da pessoa que está mateando, lembrando o campeiro que se posiciona estrategicamente à saída da mangueira! O correto quando se cheganuma roda de mate é ficar antes do mateador, isto é, tendo a pessoa que está mateando a sua direita. A ÁGUA DO MATE: A água para o mate nunca deverá ser fervida, pois se tornaria pesada, pela perda de oxigênio, transmitindo um sabor diferente ao mateador. O ideal é quando a água apenas chia. CEVAR COM CACHAÇA: Algumas pessoas quando fecham um mate (ato de preparar o mate), costumam, em lugar de água para inchar a erva, colocar cachaça, pois a cachaça fixa por mais tempo a fortidão da erva-mate, sem deixar o gosto do álcool. Este modo de preparar serve tanto o mate amargo (chimarrão) como para o mate doce. A cachaça é só para iniciar o mate. Uma vez inchada a erva, cospe-se fora a infusão até roncar bem a cuia, esgotando-se comletamente o líquido. Depois desta operação, é só seguir cevando normalmente, com água, o mate. SÓ O CEVADOR PODE MEXER NO MATE: A menos que se obtenha licença, só o cevador deve arrumar o mate, considerando-se falta de respeito alguém mexer sem permissão. Mesmo que o topete (barranco) esteja se desmanchando ou qualquer outro problema com o mate, devemos entregá-lo ao enchedor ou cevador. Podemos, isto sim, ao devolver a cuia, avisá-lo da ocorrência. O bom cevador, cada vez que recebe a cuia, antes de enchê-la, dá uma ajeitada na bomba, de modo que renove o fluxo de seiva, demonstrando, assim, seu conhecimento na intimidade com o mate. EM RODA DE MATE: É comum, após o primeiro mate, que sempre é do cevador (o que faz o mate), ter início a rodade mate a partir do mais velho ou de alguém a quem se queira homenagear. Quando já estamos mateando e chega alguém a quem desejamos mostrar deferência especial, é fechado um novo mate em sua homenagem. O PRIMEIRO MATE: Como já falamos, todo aquele que fecha um mate (faz o mate) deve tomar o primeiro em presença do parceiro ou na roda de mate. Este fato tornou-se tradicional devido a épocas remotas em que o mate serviu de veículo para envenenamentos. Por isso, o ato do mateador tomar o primeiro indica que o mate está em condições de ser tomado.Ainda no caso do primeiro mate, outro motivo que nos chega foi devido aos jesuítas, que atribuindo valores afrodisíacos ao mate, e para evitar que os índios passassem a maior parte do dia mateando, tentando afastá-los do hábito, criaram o mito entre os silvícolas cristianizados que Anhangá Pitã (diabo) estava dentro do mate. Mas não foram bem sucedidos os jesuítas e o hábito salutar sobrepujou o temor que lhes fora impresso. Por isso, toda vez que o indígena ia tomar um mate em presença dos outros, tomava o primeiro mate como demonstração que Anhangá Pitã não se encontrava no mate. RONCAR CUIA: uma vez servido o mate, deve ser tomado todo, até esgotá-lo, fazendo roncar a cuia.

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